Resumo: | A sustentabilidade é um tema central nas discussões atuais e no geral. Os sistemas agrícolas
apresentam grandes deficiências no que diz respeito à sustentabilidade, em especial à
pecuária. Isso se aplica a aspectos ambientais: emissões de gases de efeito estufa, erosão do
solo, perda da biodiversidade, uso de energia, descarte de resíduos entre outros; aspectos
sociais: condições precárias de trabalho, qualidade de vida e equidade, questões significativas
que estão cada vez mais frequentes no debate atual; aspectos econômicos, pois os sistemas
agrícolas precisam ser viáveis e resilientes para permitir que os envolvidos ganhem a vida
com seu trabalho. Logo, a sustentabilidade se torna uma questão cada vez mais importante
levando ao surgimento de uma série de ferramentas que afirmam avaliar a sustentabilidade de
fazendas do mais diversos agroecossistemas. Porém, quais são os indicadores mais adequados
para avaliar a sustentabilidade de um sistema agropecuário como a bovinocultura de corte de
uma região tão peculiar que é a Amazônia brasileira? Diante dessa complexidade, esta tese
tem por objetivo adaptar e aplicar um modelo de avaliação da sustentabilidade na
bovinocultura de corte praticada na Amazônia. O recorte deste estudo foi a avaliação de 09
propriedades no interior da Amazônia acreana, no município de Tarauacá - AC. Trata-se de
uma pesquisa de natureza mista, com abordagem quantitativa e qualitativa e é de natureza
aplicada. Os objetivos foram alcançados por meio de uma Revisão Sistemática de Literatura,
que possibilitou o levantamento e identificação de um método para avaliar a bovinocultura. A
comparação entre diferentes sistemas de avaliação da sustentabilidade levou à identificação de
diferenças significativas entre o SAFA (Avaliação de Sustentabilidade de Sistemas
Alimentares e Agrícolas) e outros modelos. Assim, a ferramenta SAFA desenvolvida pela
FAO foi escolhida para avaliação proposta nesta pesquisa. Por conta da metodologia adotada,
os indicadores foram avaliados por especialistas, fazendo-se a adaptação do modelo original
para um modelo adequado à região Amazônica. Assim, chegou-se a um conjunto de 71
indicadores vinculados a 4 dimensões, 47 subtemas e 20 temas. Os dados foram coletados por
meio de um questionário com 123 questões orientadoras, em que foram analisados e
calculados o índice de sustentabilidade dentro das quatro dimensões estabelecidas no SAFA.
A avaliação demonstrou que o desempenho de sustentabilidade é, geralmente, melhor nas
propriedades com mais recursos e maior conhecimento e informação. Esses resultados
indicam que o maior espaço para melhoria da sustentabilidade está nas propriedades menores
e com mão de obra familiar. A falta de informação, capacitação e recursos econômicos
mostraram-se como os principais fatores que explicam parte dessas diferenças. Esses
resultados podem servir de motivação para melhorias internas das propriedades e sugerir ao
poder público aumentar a conscientização, fornecer informações e treinamento e facilitar as
práticas de desenvolvimento sustentável. |